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Prefeitura do Rio apoia lançamento da Cátedra Pequena África, da Fundação Getúlio Vargas – Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

A poetisa Leda Maria Martins é uma das integrantes da Cátedra da Pequena África – Reprodução de vídeo

O prefeito Eduardo Paes participou, nesta quarta-feira (20/03), do lançamento, pela Fundação Getúlio Vargas, da Cátedra Pequena África, na Casa Escrevivência, no bairro da Saúde. A inciativa da FGV tem o apoio da Prefeitura do Rio e pretende dar visibilidade e aprofundamento aos estudos das produções teóricas de homens e mulheres pensadores negros, valorizando a pluralidade dos saberes. A Cátedra Pequena África é a primeira dedicada integralmente a intelectuais negras e negros no país.

– É sempre importante lembrar que a maioria dos africanos escravizados que vieram para o Brasil chegou por aqui. O esforço que a gente faz, desde o momento em que se criou o projeto de revitalização dessa região, é não esquecer essa história. O legado tem que ser mantido e agora é a hora de se contar essa história, com esta Cátedra da Pequena África, mostrando a afro-carioquice que formou esse país. O Rio quer ser uma cidade antirracista, quer mostrar isso o tempo todo. Eu tenho certeza que essa cátedra será um marco na história do Brasil e vai se replicar por todos os cantos do país – afirmou o prefeito Eduardo Paes.

As catedráticas que participaram do lançamento foram a professora e cantora lírica Inaicyra Falcão e a poetisa Leda Maria Martins. Elas foram recebidas, na Casa Escrevivência, pela professora e escritora Conceição Evaristo, que integra o comitê de seleção da Cátedra. Já a artista plástica Rosana Paulino, a terceira cadetrática, não pode comparecer à cerimônia porque está na Argentina para a inauguração de uma exposição no Malba (Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires). Depois da cerimônia, houve uma caminhada até a Pedra do Sal, um dos marcos da cultura afro-brasileira na região portuária

– Eu considero da maior importância uma cátedra que vai pensar e agir a partir de uma memória negra do nosso cotidiano, perspectiva e realidade. Aqui é um local de memória, que a gente considera sagrado. Quanto mais esse espaço for difundido, mais brasileiros vão tomar consciência da importância da comunidade negra na nossa nacionalidade – disse a escritora Conceição Evaristo.

Ao longo do primeiro ano serão ministrados na Cátedra Pequena África cursos livres, palestras e seminários sobre temas sociais, culturais e acadêmicos. Os encontros serão nas unidades da FGV espalhadas pelo país.

– É muito importante essa iniciativa do conselho, capitaneado por Conceição Evaristo, ter três mulheres inplantando essa cátedra. Nos dá a oportunidade de, com nosso trabalho e reflexão, ampliar o foco sobre os saberes negros que foram trazidos para as Américas e que são fundamentais, em todos os níveis e sentidos, para o país. Não existiria o Brasil se não houvesse os povos negros e indígenas – ressaltou a poetisa e catedrática Leda Maria Martins.

Para desenvolver as atividades, foi instituído o Comitê Consultivo da Cátedra, composto por oito intelectuais, que se destacam pela produção de conhecimento e tenham lugar de expressão em seus campos de atuação, sendo referências, principalmente, nas dimensões da educação, da cultura e de políticas públicas. São eles: Ayrson Heráclito, artista visual, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e curador; Benedito Gonçalves, ministro do Superior Tribunal de Justiça; Conceição Evaristo, professora e escritora; Dione Oliveira Moura, professora e diretora da Faculdade de Comunicação (FAC) da UNB; Jurema Werneck, médica, doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ), diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil; Muniz Sodré de Araújo Cabral, sociólogo, jornalista, professor da UFRJ e escritor; Sonia Guimarães, cientista, pesquisadora, professora, presidente da Comissão de Justiça, Equidade, Diversidade e Inclusão da Sociedade Brasileira de Física, e Thiago Amparo, professor da FGV Direito SP e da FGV RJ.

– Essa é uma iniciativa inédita, que estamos dando início hoje. Pela primeira vez, teremos no Brasil uma cátedra voltada para intelectuais negros e negras. Um comitê de oito intelectuais, entre eles a Conceição Evaristo, selecionou uma tríade de mulheres negras, que serão as primeiras catedráticas do projeto que a Prefeitura nos deu a honra de apoiar – disse a coordenadora do projeto Protagonismo Carioca da FGV, Silvia Finguerut. Ela participou do lançamento da Cátedra Pequena África ao lado do diretor da FGV Conhecimento, Sidnei Gonzalez.

 

Cais do Valongo

O Cais do Valongo é um sítio arqueológico dos vestígios do antigo cais de pedra construído pela Intendência Geral de Polícia da Corte do Rio de Janeiro para o desembarque no Rio de Janeiro de pessoas trazidas do continente africano para serem escravizadas nas Américas, a partir de 1811.

O Cais Valongo foi redescoberto durante as obras da Prefeitura do Rio de revitalização da Região Portuária, em 2011. Na época, o município investiu mais de R$ 8 bilhões na Região Portuária, sendo mais de R$ 30 milhões no Cais do Valongo. Desde 2012, quando foi entregue à população como sítio arqueológico para visitação, um ritual se repete todos os anos nas pedras do cais no mês de julho. Sacerdotisas de religiões de matriz africana – mães de santo, como são conhecidas – conduzem um ritual de limpeza, purificação e homenagem aos espíritos dos ancestrais que passaram como cativos pelo local. Cantos religiosos, água de cheiro, flores e votos de amor e paz ocupam o Cais do Valongo nesta ocasião.

Em julho de 2017 foi reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). No ano passado, o Cais do Valongo passou por obras de valorização. Nesta fase atual de intervenções, o espaço recebeu um novo guarda-corpo, iluminação cênica, sinalização informativa no padrão mundial da Unesco e a exposição artística “Valongo, Cais de Ancestralidades” que conta a história do sítio arqueológico e sua relação com o território da Pequena África.

Circuito da Herança Africana

Em 2012, a Prefeitura do Rio, que preside a Rede Global de Cidades Antirracistas, aceitou a sugestão do Movimento em Defesa do Direito do Negro e transformou o espaço em monumento preservado e aberto à visitação pública. O Cais do Valongo passou a integrar o Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança Africana, que estabelece marcos da cultura afro-brasileira na Região Portuária, ao lado do Jardim Suspenso do Valongo, Largo do Depósito, Pedra do Sal, Centro Cultural José Bonifácio e Cemitério dos Pretos Novos.

 

 

A Cátedra Pequena África foi lançada na Casa da Escrevivência, na Saúde – Beth Santos/Prefeitura do Rio

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  • 20 de março de 2024
  • Marcações: Cátedra FGV Fundação Getúlio Vargas intelectual negro Pequena África Prefeitura do Rio

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