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Oferta de serviços exclusivos para pessoas com deficiência fazem de João Pessoa uma cidade amiga da inclusão

Quando as portas do Centro-Dia Adulto de Referência para Pessoa com Deficiência da Prefeitura de João Pessoa se abrem é como o descortinar de uma janela que abandona a sombra e faz a luz habitar. A alegria se revela logo na entrada do ambiente e é fácil de ser notada pelos sorrisos com os quais nossa equipe de reportagem é recebida. Os olhares curiosos e felizes dos usuários beneficiados, já na recepção, iluminam o mundo todo. E eles serão nossos primeiros personagens de duas reportagens que destacam o quanto João Pessoa é uma cidade inclusiva. Comecemos por esse equipamento cheio de cores.

O Centro-Dia, que funciona no bairro Treze de Maio, administrado pela Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania (Sedhuc), é uma unidade que oferta serviço às pessoas com deficiência, que devido à situação de dependência de terceiros, necessitam de apoio para a realização de cuidados básicos da vida diária, como arrumar-se, comer, fazer higiene pessoal e até locomover-se. É o local onde eles também têm acesso a apoios para o desenvolvimento pessoal e social, para levar uma vida de forma mais independente, favorecendo a integração e a participação do indivíduo na família, no seu entorno e em grupos sociais.

Lá, 70 usuários, dos 18 aos 59 anos, se permitem ser felizes sem se preocupar se são diferentes das demais pessoas. Afinal, quem no mundo é igual? E nós chegamos ao local bem na hora da recreação. A tarefa era pintar. No papel, as cores vivas estamparam inocência e fizeram lembrar a ‘aquarela’ que não pede licença, mas “muda nossa vida e depois, convida a rir ou chorar”, de emoção.

Jerffson Costa, de 46 anos, é o primeiro a se disponibilizar para uma conversa com a gente. Ele é uma pessoa com deficiência física e intelectual, o que não o impede de ter uma ótima comunicação e transmitir todo seu sentimento de gratidão por ter acesso ao Centro-Dia. “Quando eu chego aqui, me sinto em uma família. Sou bem acolhido, conheci várias pessoas. Aqui o que eu mais gosto de fazer é cantar e tocar. A minha vida melhorou 100% aqui”, conta Jerffson com admiração, citando o nome de vários integrantes da equipe, que é grande para desenvolver as atividades.

“A gente oferece atividades educativas, trabalhamos o dia a dia, a autonomia, a convivência da pessoa com deficiência, além da inclusão social com os usuários. Trabalhamos com uma equipe multiprofissional, com fisioterapeuta, assistente social, psicólogo, que fazem toda essa interação dentro do Centro com os usuários. A equipe também é formada pelo pessoal de apoio, como cuidadores e cozinheiros”, pontua Wanda Cecília de Sousa Pereira Rique, coordenadora do Centro-Dia Adulto.

A missão de coordenar os trabalhos ali realizados é, para Wanda, a extensão dos avanços percebidos em toda João Pessoa, uma cidade que conhece cada letra da palavra inclusão. “Hoje, João Pessoa é basicamente 100% inclusiva. É na questão dos eventos culturais, onde há acessibilidade com a inclusão do profissional intérprete de Libras. A educação, com o acesso ampliado às pessoas com deficiência dentro das escolas regulares, é bastante importante”, falou.

Todo esse acesso faz as pessoas com deficiência tornarem-se visíveis, como ressalta a psicóloga Letícia Visalli de Lucena. “O Cento-Dia trabalha o protagonismo, a autoestima, onde eles vão se reconhecer enquanto cidadãos que têm direitos. A gente faz perceber os invisíveis, porque eles são pessoas como qualquer outra que têm vontades, talentos, que se desenvolvem e que precisam ter o espaço deles”, destaca.

João Pessoa, cidade inclusiva – O Centro-Dia Adulto de Referência para Pessoa com Deficiência é uma prova de que João Pessoa é uma cidade amiga da inclusão, mas não é o único. O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Diego Tavares, explica que somos a única Capital a contar com um moderno centro multidisciplinar.

“João Pessoa, que já tinha um Centro de Referência de Inclusão da Pessoa com Deficiência, inaugurou, na atual gestão, um Centro de Atendimento em Doenças Raras e agora está ampliando ainda mais o cuidado para as pessoas que precisam de reabilitação motora, cognitiva, psicológica, com deficiência visual e auditiva, além de um cuidado integral para autistas. A cidade está construindo um Centro Especializado em Reabilitação (CER IV), nos Bancários, que vai atender casos de baixa, média e alta complexidade”, anunciou. 

O Centro de Referência de Inclusão da Pessoa com Deficiência se difere do Centro-Dia porque oferece serviços de assistência multidisciplinar, envolvendo diversas especialidades em uma estrutura que conta com espaço adaptado, parque infantil, piscina e salas equipadas para as terapias de crianças e adolescentes.  O espaço vem ampliando seus atendimentos. Em 2021, foram 6.479 atendimentos; em 2022, 8.387; em 2023, 16.068; e, em 2024, quase 23 mil. Já no Centro de Atendimento em Doenças Raras, criado em 2022, foram quase 19 mil atendimentos em 2024.

“Essa rede funciona de forma articulada, envolvendo as demais secretarias da administração municipal e a sociedade, já que apoiamos diversas entidades e associações que atuam no cuidado e na atenção da pessoa com deficiência. E esse trabalho, sob a liderança do prefeito Cícero Lucena, tem muitos resultados a apresentar”, falou Diego Tavares.

Mais serviços – Por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), diversos serviços são ofertados com foco na prevenção, promoção e reabilitação, como é o caso do Centro Especializado em Reabilitação (CER) de porte II, localizado no complexo predial da Policlínica de Jaguaribe, que atende pessoas com deficiência física, intelectual e ostomizados.

A Rede Municipal de Saúde também oferece atendimento acompanhado por intérpretes de Língua Brasileira de Sinais (Libras) para pessoas surdas. Assim como nas escolas municipais, onde alunos surdos ganham autonomia com o apoio pedagógico de professores que ensinam através da ‘linguagem dos sinais’.